Como é a visão da pessoa com glaucoma?

A visão de quem tem glaucoma varia de acordo com o tipo de glaucoma e com seu estágio. Uma pessoa com glaucoma de ângulo aberto inicialmente tem a visão normal, já aquela com glaucoma avançado pode estar com a visão comprometida.

Por: Mariana Lourenço

A nossa visão é um sentido extremamente complexo e que pode ser afetado de várias maneiras diferentes. O médico oftalmologista, que atende no Hospital Oftalmológico de Anápolis (HOA), Dr. George Landim (CRM 19892 | RQE 13.905) explica que o glaucoma é uma doença crônica que afeta o campo visual, no estágio inicial do glaucoma o campo visual é totalmente normal e conforme a doença progride, se ela não for controlada, e o tratamento não for feito de maneira correta, pequenas manchas na visão em uma região que é denominada média periférica começam a aparecer.

Essas manchas, segundo o oftalmologista do HOA se iniciam com um leve borrão e conforme a doença progride, essas manchas vão ficando cada vez piores e aumentam de tamanho, formando um arco na média periférica da visão. “Porém, isso pode não ser percebido pelo paciente, por ser um processo muito lento o glaucoma não costuma piorar de uma hora pra outra, sendo assim, o cérebro vai se adaptando com as manchas na região periferia, sendo assim ele usa a imagem do outro olho para sobrepor a mancha do olho que está sendo afetado, por isso pode passar despercebido pelo paciente”, relata Landim.

Mas é válido ressaltar que existem alguns casos que o glaucoma piora mais rapidamente e a pessoa só percebe a aparição dessa mancha na visão em um estágio mais avançado. Essas manchas provocadas pelo avanço da doença estão sempre na mesma posição quando surgem no olho. É diferente das manchas que aparecem por causa da degeneração macular provocada pelo avanço da idade. 

O médico oftalmologista Dr. Tiago Sena (CRM – 14784 | RQE – 12570) conta que quando o glaucoma jé está muito avançado a visão fica tubular, e nos estágios mais avançados somente fica a visão central.

Devido a perca do campo de visão a pessoa pode tropeçar muito, porque perde o campo visual então ela não vê e não consegue mensurar a altura dos obstáculos no caminho, esbarra muito nas coisas por causa da perda da visão nas laterais, e quando está dirigindo precisa virar muito o rosto para poder ver o espelho da lateral do carro. Além disso, o paciente não consegue se orientar quando chega em um lugar desconhecido, por não ter a visão periférica para se localizar. A partir desse estágio se o paciente não está em tratamento e controle da doença o próximo passo é a perda da visão central”, relata Sena.

Existem algumas exceções que ocorre a perda da visão central mesmo no estágio inicial da doença. Essas pessoas sente o sintoma da doença mais cedo porque as perdas de visão central são muito mais perceptíveis e afetam muito mais o nosso dia a dia do que as perdas da visão periférica. “Esses pacientes precisam de um tratamento mais rigoroso pois, qualquer pequena piora da doença já pode refletir na piora perceptível da visão” comenta o oftalmologista Dr. Tiago.

Além dessas perdas do campo e da acuidade visual, existe um outro fator significativo na perda da visão dos pacientes que sofrem com o glaucoma e que pode acontecer em qualquer estágio da doença, que é perda de contraste da visão. Segundo Dr. George, o  contraste é importante para a nossa visão noturna, mesmo no estágio inicial do glaucoma, quando não detectamos nenhuma perda no campo visual a pessoa pode ter um pouco de dificuldade para enxergar de noite por conta da perda do contraste da visão. 

O contraste, de acordo com o oftalmologista, é muito importante para a visão em três dimensões, que é a percepção de distância da visão de profundidade. “O nosso cérebro calcula essas três dimensões em função das sombras que a gente vê, então, se essa visão está prejudicada pela perda de contraste, o paciente vai ter dificuldade no campo de profundidade da visão. Uma manifestação muito comum disso é a história de colocar a água no copo. Você acredita que está acertando o líquido no copo, mas quando percebe, está derrubando água em toda a mesa, por exemplo. Isso é uma clássica perda de percepção de profundidade, que acontece quando o paciente começa ter perda de contraste e que pode acontecer no estágio inicial ou mais avançado da doença”, finaliza o médico Landim.

O GLAUCOMA NÃO TEM CURA, MAS TEM CONTROLE. POR ISSO A IMPORTÂNCIA DO RÍGIDO CUMPRIMENTO DO TRATAMENTO!

O acompanhamento dos pacientes com glaucoma deve ser o mais individualizado possível. Vai depender do paciente, da agressividade da doença e da fidelidade do paciente ao tratamento, entre diversos outros fatores.

É muito importante o diagnóstico precoce, portanto, na consulta dos óculos para perto, por exemplo, pode ser feito o diagnóstico precoce do glaucoma.

O segundo ponto importante é a observação rigorosa do tratamento, lembrando que os colírios podem perder o seu efeito ao longo da vida, então há a necessidade de retornos periódicos para que se saiba se o tratamento está adequado ou não.